Eu sinto como se a vida tivesse dois tempos distintos: um individual e um universal.
O tempo individual é aquele que trás consigo o tempo total da vida de cada um de nós. Ele é pré-definido por Deus em algum momento antes da nossa formação existencial; antes mesmo do nosso nascimento. Portanto, não nos foi dado saber essa informação.
Ao nascermos, então, a nossa vida começa a sua contagem regressiva. Isso mesmo. Nós nunca completaremos “mais um ano de vida”, mas sempre “menos um”. Isto é, se Deus definiu para alguém viver 70 anos, quando nascer, ela não completará ao final de 24 horas mais um dia de vida, mas, sim, menos um dia. De modo que ela terá pela frente 69 anos (mais as frações do tempo) para viver. Esse será o seu tempo individual, que correrá sem ela saber o prazo, e que consistirá, consequentemente, na máxima “cada dia, menos um dia”.
Desta forma, o tempo individual, aos olhos humanos, não passa de algo abstrato, expectável e por isso mesmo acaba se refletindo naquele inadiável - porém em vão - questionamento existencial: “quanto tempo viverei?” Mas, lembre-se, do ponto de vista espiritual, esse tempo que não sabemos ter existe. Apenas não nos foi revelado por questões óbvias.
Por outro lado, temos o “tempo universal”, que é o tempo do universo. Este correrá sempre de forma crescente, somando-se os anos. Sua máxima é, portanto, “cada dia, mais um dia”.
Mas, por que essa diferença? Simples. O tempo individual ou pessoal corre em ordem decrescente porque evidentemente morrer é uma certeza que nós seres vivos temos. Não sabemos “quando”, mas que “vamos”. Então, se o “fim” de algo é um fato, o tempo de duração dele sempre escoa e jamais acresce. Agora, em relação ao universo, não podemos fazer essa mesma afirmação. Pois quem garante que ele findará um dia? Essa garantia inexiste. Existem, sim, estudos, teorias, especulações, mas nenhuma certeza inconteste. Por isso, enquanto o “fim do mundo” for apenas algo “possível de acontecer”, o tempo universal continuará existindo de forma crescente; paralelo ao nosso individual.
Disso, podemos inferir que não devemos agir como se tivéssemos “todo o tempo do mundo”. Pois, de fato, não o temos. Quem o tem, é o próprio mundo. A verdade é que o “amanhã” é mera expectativa nossa! Já dizia o poeta Renato Russo que “é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há”. Trata-se da mais pura verdade. Para nós, seres vivos, não há mesmo. O sol, a lua e as estrelas (em geral) estarão lá amanhã, certamente. Mas tudo aquilo que tem vida, tem apenas expectativa de viver, e só.
Portanto, viva o hoje com toda a intensidade, com afetividade, com dedicação em fazer o bem. Não deixe nada engasgado. Não deixe de viajar, de curtir a família e os amigos. Não tema a morte, apenas aja com precaução e jamais desperdice o seu precioso tempo! Tente fazer a diferença para o meio em que você vive HOJE, pois o “amanhã” pode não estar no tempo que Deus lhe concedeu para essas realizações...
Luciano Caettano
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