OS POBRES DE ESPÍRITO

          Estava eu, hoje, pensando sobre o mundo em que vivemos, algo que eu faço diariamente nos últimos tempos, e ante a condição de grande miserabilidade existente mundo à fora, sobretudo nos países da África, onde as condições de vida são subumanas e até inviáveis, achei por bem trazer à tona as sábias palavras de São Jerônimo, quando escreveu numa carta a um amigo, três anos depois da tomada de Roma pelos bárbaros de Alarico:

“Vivemos como se fossemos morrer amanhã; mas construímos como se tivéssemos de viver sempre neste mundo. As nossas paredes fulgem de ouro, como os nossos tetos e os capitéis das nossas colunas; mas Cristo morre às nossas portas, nu e faminto na pessoa dos seus pobres”.

          Essa é a triste verdade que atravessa os tempos. Realmente, hoje em dia, em grande parte do mundo, principalmente nos países desenvolvidos da Europa, os pobres são de espírito, pois não despertaram de maneira eficiente para a urgência em socorrer os seres humanos miseráveis de outros recantos. Recantos estes, inclusive, que os mesmos europeus, por exemplo, dominaram e sugaram o que puderam, até mesmo a dignidade de seus primitivos habitantes. 

          Que consciência humanitária tem os governantes das nações abastadas? Que ações ínfimas a ONU tem tomado a ponto de permitir tamanho descaso em relação aos países africanos? Sim, é evidente que outras nações enfrentam problemas, mas a maioria é de cunho político, porém a fome é questão prioritária nessa hora extrema para a tomada de decisões.

          É, de fato, lamentável saber o quão atrasados ainda estamos por pensar que as dificuldades dos outros é problema deles. Essa é, sim, uma forma primitiva de pensamento, que tem sustentado um ciclo vicioso e egoísta, seja entre pessoas, seja entre nações. Pois, acredite, de nada adianta a riqueza minha, se o outro morre à mingua do meu lado. Por isso, para ser útil, a riqueza deve ser compartilhada, sempre.


Luciano Caettano

Comentários

  1. Realmente,a falta de humanidade está grande,e estamos atrasados sim,com relação as dificuldades dos outros,um gesto egoísta que precisava ser combatido.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O que você achou? Deixe o seu comentário. Obrigado.