Trecho do desabafo da Dra. Juliana Mynssen, cirurgiã-geral do Hospital Estadual Azevedo Lima, no RJ, sobre o pronunciamento da presidente Dilma:
(Uma figura que se proclama "a presidenta" já não merece minha atenção).
Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.
A ouvi dizendo que escutou "o povo democrático brasileiro". Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. "Qualidade"... Ela disse.
E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil....
Para melhorar a qualidade....?
Sra "presidenta", eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.
Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.
O dia em que a Sra "presidenta" abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.
Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência. Somos quase 400mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não. Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.
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Confira o texto na íntegra no perfil dela: https://www.facebook.com/juliana.mynssen
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MINHA OPINIÃO SOBRE O TEMA
Realmente, o Governo Federal não investe no SUS - Sistema Único de Saúde como deveria, fazendo com que a qualidade do atendimento deixe a desejar, onde entra o desabafo da Dra, onde faltam medicamentos, leitos, etc.
Portanto, ela pede respeito. Ela não quer um paliativo (trazer médicos de Cuba sem revalidação), mas que os médicos daqui e, MAIS DO QUE ISSO, que o próprio SUS receba uma infraestrutura que possibilite um atendimento digno ao povo.
Os médicos estrangeiros chegarão, mas a infraestrutura continuará a mesma. Estaremos, como quer dizer a Dra., "tampando o sol com a peneira": cheios de médicos, mas cheio de gente no chão, sem medicamentos... É isso que tem que mudar!
Eu faria um levantamento geral sobre a questão SUS no país e elegeria prioridades, pois, certamente, o caos não está instalado em todas as cidades. Socorreria essas onde o povo está morrendo no chão, sem alas, etc. Com certeza, verba pra isso tem, falta é vontade política, como temos notado.
Contudo, se diante das alternativas que o Governo Dilma tinha à disposição, trazer médicos de Cuba é a melhor opção, que assim seja. Eu só não concordo com a medida pelo que tenho visto divulgado, corroborando o que disse a médica supracitada.
No sistema público de saúde brasileiro há muito o que ser mudado e melhorado. Existe, sim, ainda a questão dos maus profissionais, como acontece em todos os segmentos. Porém, neste caso, a situação se agrava na medida em que os médicos estão lidando com a saúde, e por que não dizer a própria vida, das pessoas. E isso é muto sério! O problema é que eles estão a mercê de um Conselho (como me parece serem todos, de todas as profissões) muito corporativista. Então, julgar os seus com imparcialidade parece custoso. Neste contexto, a ética médica, para alguns, evidentemente, passa longe. E isso tem que mudar também!
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